Balança comercial foi superavitária em US$ 5,4 bilhões em setembro
A balança comercial foi superavitária em US$ 5,4 bilhões em setembro, contrastando com as expectativas de mercado de US$ 4,7 bilhões. No acumulado dos últimos doze meses, o saldo comercial foi de US$ 86,4 bilhões, sendo US$ 341,8 bilhões de exportações e US$ 255,4 bilhões de importações. O resultado mensal ex-petróleo foi de US$ 3,4 bilhões e o saldo ex-minério foi de US$ 2,9 bilhões, ambos representando uma redução frente aos saldos atingidos em setembro de 2023, de R$ 6,1 bilhões e R$ 6,4 bilhões respectivamente.


Termos de troca
Os termos de troca oscilaram 0,5% em setembro, uma pausa na tendência de queda desde junho, causada por quedas tanto no preço das importações quanto no preço das exportações. A melhora foi difusa, mas beneficiou particularmente os bens de consumo, com alta mensal de 6,4%, enquanto bens de capital e intermediários registraram altas respectivas de 0,9% e 1,1%.

Exportações
As exportações aumentaram 0,3% frente a setembro de 2023, com destaque para o café, que teve queda de 27% no volume e 25% no preço frente ao ano anterior, enquanto o milho reverteu o quadro de piora apresentado em agosto. Tanto a soja quanto o petróleo apresentaram mudança discreta de volume, mas foram beneficiados com aumentos de preço de aproximadamente 22 e 23% respectivamente. Em termos gerais, houveram alterações difusas tanto no volume quanto no preço dos bens exportados, com um impacto mais negativo para os bens agropecuários e um impacto misto nos minérios e processados. Fica enfatizada a queda no volume de exportações de automóveis que, junto com o aumento das importações, sugere um consumo interno mais forte desse bem.

Importações
As importações cresceram 19,9% frente a setembro de 2023, com destaque para o gás natural que reverteu a forte alta de agosto e encerrou setembro com baixa de 55% no volume importado. A variação de preços continuou difusa, com alta de 40% para inseticidas e queda de 25% para maquinário, anulando as variações que havíamos visto em agosto. Com a exceção de maquinário elétrico e veículos de passageiros, todas as demais pautas de importação tiveram redução no volume frente ao ano passado, com insumos da agropecuária e indústria de transformação apresentando arrefecimentos similares.

Estresse das cadeias de oferta
Ficamos atentos ao efeito das tensões portuárias nos EUA na balança comercial brasileira, em particular para as importações de combustíveis e turbinas a gás, que não são facilmente substituíveis e devem gerar complicações para o setor de geração elétrica caso a greve, que foi momentaneamente pausada, retome após janeiro, além de dificuldades menores para a agropecuária por conta de fertilizantes. Não esperamos impacto substancial nas exportações, visto que a principal rota comercial entre o Brasil e a China ocorre pelo Cabo da Boa Esperança, evitando gargalos de segunda ordem causados pelo redirecionamento de navios da Costa Leste para a Costa Oeste dos EUA.

Perspectiva para o próximo mês
Esperamos um resultado mais fraco para outubro na comparação de 12 meses. O resultado de setembro veio melhor que o esperado por conta da redução no volume das importações, que não esperamos ser tendência, haja vista a continuidade da robustez da atividade econômica brasileira. Todavia, houve reversão no quadro de baixa no preço internacional das principais commodities exportadas: as preocupações com a demanda externa fraca seguem como ponto de observação, mas houve aperto recente nas expectativas de oferta com a estiagem e queimadas nas regiões produtoras do Brasil, danos causados pelo Furacão Helene nas regiões produtoras dos EUA, tensões geopolíticas no Oriente Médio e o pacote de estímulos chinês. Esse conjunto de eventos deve ser benéfico para as exportações no curto prazo via efeito de preço, mas gera preocupações quanto ao efeito quantidade em meses mais à frente.
