Petróleo, duas faces de uma moeda.
O conflito entre Israel e Hamas se intensificou nas últimas semanas, ganhando os noticiários globais e trazendo muitos rumores e incertezas, principalmente quanto à escalada para além das fronteiras de Israel. Isso porque, caso o conflito escalone, com países como o Irã fazendo parte da guerra, poderíamos ver efeitos de cortes na produção de petróleo, afetando inclusive a cadeia logística da região. Vale lembrar a proximidade com o Golfo Persico, região cuja produção representa cerca de 30% de todo petróleo do mundo. Por esse motivo, temos visto tamanha volatilidade nos preços das commodities, em especial o petróleo.
Já pelo lado da demanda, temos observado desaceleração do consumo de gasolina nos Estados Unidos nas últimas semanas, o que tem contribuído para amenizar a situação. Com o declínio do consumo, o crack spread também diminuiu, impactando a ponta final dos preços dos combustíveis. No mesmo sentido, a retomada abaixo do esperado da economia chinesa também tem refletido em menores importações da commodity.
Quanto ao Brasil, não estamos imunes aos impactos externos que se somam às nossas próprias dinâmicas internas. Recentemente, a Petrobras divulgou novos ajustes nos preços dos combustíveis, com cortes na gasolina e aumento no diesel, corroborados pela diferença entre os preços praticados internamente e os preços nos mercados internacionais, o famoso PPI. Mas acreditamos que o corte na gasolina pode ter sido precipitado.
O que fazer, então, em momentos como estes de grandes turbulências? A boa e velha diversificação é uma das soluções. Acreditamos que os preços do petróleo devam seguir no patamar atual, em torno de US$ 90/brent, considerando um cenário controlado dos conflitos em Gaza, e por este motivo, vemos como uma boa opção a alocação em papéis do setor na carteira, uma vez que as empresas seguiriam beneficiadas por níveis maiores de preços, convertidos em receitas e margens elevadas.
Diante disto, sugerimos uma exposição a boas empresas nacionais como Prio (PRIO3) e 3R (RRRP3), bem como nomes internacionais com maiores exposições geográficas, como Exxon (XOM), Shell (SHEL) e Chevron (CVX). Caso o investidor já tenha posição nestes e outros ativos do setor, vale a pena considerar estratégias que garantam os ganhos, como derivativos e operações estruturadas.Petróleo, duas faces de uma moeda.
A cara: pressão para cima!
O conflito entre Israel e Hamas tem gerado preocupações em diversos níveis. Apesar de Israel não ser um produtor relevante de petróleo, a proximidade com o Golfo Pérsico preocupa, uma vez que cerca de 30% do petróleo produzido no mundo vem desta região. A título de comparação, a eclosão da guerra na Ucrânia elevou o barril acima de US$ 120 em 2022, por conta do envolvimento da Rússia, responsável por aproximadamente 11% da produção global.
Especificamente o Irã, tem contribuído com cerca de 3 milhões de barris dia. Contudo, vale destacar que houve um aumento em sua produção recentemente, devido às amenizações dos embargos impostos ao país, visto que a gestão do governo Biden, presidente norte-americano, avançou nas tratativas, contribuindo para uma maior exploração, levando a uma produção maior e amenizando parte da volatilidade vivenciada nos últimos anos.
O escalonamento do conflito poderia ter impacto severo no preço do barril, sendo algo comparável ao ocorrido na década de 70, com o primeiro choque do petróleo, em razão das movimentações de produção da OPEC à época, mantida no menor patamar histórico, o que levou a valorização dos preços da commodity em 10x. Atualmente, a produção da OPEC está abaixo de 30 milhões de barris dia, com a organização controlando os volumes totais, visando maior controle dos preços do petróleo nos mercados internacionais. Um conflito expandindo para os demais países do Golfo poderia ocasionar em estresses nas cadeias logísticas e impactos em todo o globo.
A coroa: fraca demanda?
A demanda por gasolina nos Estados Unidos tem arrefecido nas últimas semanas, resultado do momento sazonal de menor consumo, com o fim do verão, mas também de uma desaceleração da atividade econômica, em reflexo à política monetária mais restritiva adotada pelo FED em controle às pressões inflacionárias recentes.
Outra sinalização desta demanda mais enfraquecida é o crack spread –a margem das refinarias. Devido a todos os congestionamentos das cadeias globais pós-pandemia, bem como o conflito entre Rússia e Ucrânia, os custos saíram de sua média histórica de US$ 10-15/barril para cerca de US$ 40, causando ainda mais pressão na ponta final. Entretanto, recentemente as cotações para a gasolina caíram para US$ 5/barril, refletindo o menor consumo, bem abaixo da média histórica, bem como o recente aumento da capacidade de refino, revertendo movimento de queda que vinha desde 2019.
Adicionalmente, a China tem importado abaixo das expectativas. Esperava-se que após o encerramento das restrições de circulação que o país vivenciava até pouco tempo atrás, o consumo retomaria, e com ele a demanda por gasolina. Apesar da elevação recente, em razão da sazonalidade com o período do verão, vemos agora uma estabilização, com tendência de queda, o que também contribui para amenização dos preços.
E o Brasil neste contexto?
A dinâmica do mercado interno é influenciada por dois grandes fatores, o primeiro é o mercado externo e todo o contexto que abordamos, visto ainda que o Brasil é importador líquido de combustíveis. Embora seja autossuficiente em produção de petróleo, as refinarias não atendem toda a demanda, fazendo necessárias as importações, explicando então a influência externa.
A segunda outra grande influência é certamente a Petrobras. A atual gestão atualizou a política de combustíveis, alegando não mais seguir inteiramente os preços internacionais (PPI), adotando outras dinâmicas. Com os últimos reajustes, entendemos que o diesel opera com defasagem de 6%, enquanto a gasolina, 4% ante ao PPI. Acreditamos que o recente corte na gasolina seja de curtíssimo prazo, visto que o crack spread da gasolina apresenta-se bem abaixo da média histórica.
O que fazer nesta situação?
Os preços do petróleo devem seguir no patamar atual, em torno de US$ 90/brent, considerando um cenário controlado dos conflitos em Gaza, e por este motivo, vemos como uma boa opção a alocação em papéis do setor na carteira, uma vez que as empresas seguiriam beneficiadas por níveis maiores de preços, convertidos em margens elevadas.
Diante disto, sugerimos uma exposição a boas empresas nacionais como Prio (PRIO3) e 3R (RRRP3), bem como nomes internacionais com maiores exposições geográficas, como Exxon (XOM), Shell (SHEL) e Chevron (CVX). Caso o investidor já tenha posição nestes e outros ativos do setor, vale a pena considerar estratégias que garantam os ganhos, como derivativos e operações estruturadas.