Macroeconomia


O Mercado na Semana Ed.32.22

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Rafaela Vitória

Publicado 12/ago15 min de leitura

Inflação em queda e o “Fed Pivot”

O Ibovespa disparou 5,91% na semana e encerrou a 112.764 pontos, garantindo a melhor semana desde novembro/20 e quarta semana consecutiva de alta, direcionada pela bateria de resultados, forte alta nas ações da Petrobras que suportaram o índice e um exterior positivo digerindo dados mais otimistas no sentimento do consumidor e nas expectativas para o CPI, mantendo esperanças de uma leve desaceleração do aperto monetário. As expectativas de acomodação da taxa de juros no Brasil também mantiveram o clima positivo para a bolsa. Nos destaques setoriais da semana, o índice financeiro avançou 7,82% com bancos como Itaú e BB superando expectativas, seguido pelo índice de materiais básicos que avançou 6,05%. As companhias do setor de consumo e industrial também reportaram alta de 2,99% e 2,72%.

A semana foi marcada por dados de queda da inflação, com surpresa baixista, que contribuíram para um alívio nos mercados. A inflação em alta, como vimos no último ano, trouxe muita incerteza e elevou o risco nos mercados, tanto de juros como das bolsas. Por outro lado, os primeiros sinais de queda que começam a surgir trazem uma sinalização de melhora à vista, com redução nos juros de mercado e alta nas bolsas.

Lá fora, tanto o CPI como o PPI, os índices de preços ao consumidor e ao produtor nos EUA, tiveram queda no mês de julho e ficaram abaixo do esperado. A redução das commodities, principalmente da gasolina, representou boa parte dessa desaceleração, mas as medidas de núcleos também apontam para um arrefecimento dos reajustes. Essa sinalização contribuiu para a nova discussão sobre o “Fed Pivot”, que seria uma mudança de postura do Fed, agora mais dovish, com altas menores de juros e possivelmente parando no final do ano. A inflação ainda está em elevado patamar, 8,5% em 12 meses, e o processo de convergência para a meta de 2% lá será longo, mas, caso confirme o cenário de queda mais rápida, a política monetária pode ser menos restritiva que o esperado anteriormente.

Aqui no Brasil, o IPCA também mostrou queda da inflação, mais acentuada devido à redução dos impostos. Tivemos a maior deflação mensal da série, -0,68%, e a ata do Copom confirmou a expectativa de que os juros devem parar em 13,75%. No mercado de juros pré-fixados, a taxa de 2 anos teve nova queda e já acumula 100 bps de redução em agosto, para 11,7%, e a curva passa a precificar uma primeira redução da Selic já em março de 2023. Os juros reais e a inflação implícita, a inflação esperada pelo mercado, tiveram queda na semana. Esperamos que as expectativas do Focus também revertam a tendencia de alta de inflação esperada para 2023 em breve. Do lado da atividade, os dados de varejo de junho tiveram queda, enquanto os serviços continuam crescendo. Os dados de atividade do trimestre divulgados confirmam a expectativa de crescimento do PIB mais forte no trimestre, puxado pelos setores de serviços, o que deve contribuir também para revisões de alta nas próximas semanas.

Empresas e Setores

Desligaram o ventilador. O resultado da AES Brasil veio aquém da nossa expectativa, apesar do aumento da receita operacional líquida para R$ 621 mm (+10,6% a/a) seu EBITDA foi de R$ 239 mm (-6,4% a/a). (Comentário AESB3) | Mais caixa e menos dívida. A Estapar (ALPK3) reportou receitas abaixo das expectativas em conjunto com maior pressão de custos no 2T22, a receita líquida totalizou R$ 274 mm (-3% R/E) e resultado líquido de R$ 56 mm (-14% R/E). (Comentário ALPK3) | Fortes linhas de crescimento. A Alupar (ALUP11) divulgou resultado do 2T22, com forte desempenho na opinião do nosso Research, a companhia registrou uma receita líquida de R$ 701 mm (+21% a/a e -1% R/E) e EBITDA regulatório de R$ 596 mm (+24% a/a e – 0,3% R/E). (Comentário ALUP11) | Revertendo o lucro. A Azul (AZUL4) registrou prejuízo líquido de R$ 2,62 bi no 2T22, o resultado segue lucro líquido de R$ 1,07 bi em 2T21. O EBITDA da companhia totalizou R$ 614,6 mm no período. | Em resultado resiliente, a B3 (B3SA3) apresentou R$ 1,2 bi em lucro líquido (-0,8% a/a), gerados por uma receita líquida de R$ 2,2 bi (-7,3% a/a). | Com ROAE de banco privado, o Banco do Brasil (BBAS3) surpreende novamente com os resultados, desta vez do 2T22. O banco reportou um lucro líquido de R$ 7,6 bi (+14,5% t/t e +15,1% vs. Inter Research) e ROAE de 20,6% (+250 bps t/t e +250 bps vs. Inter Research). (Comentário BBAS3) | Mais um resultado recorde. A BB Seguridade (BBSE3) reportou resultados positivos e acima de nossas expectativas, com lucro líquido de R$ 1,4 bi (+86,5% a/a e +20% R/E). (Comentário BBSE3) | Mais um trimestre de recordes. A Minerva (BEEF3) apresentou novamente um resultado recorde, acima de nossas expectativas, a empresa reportou receita líquida de R$ 8.472 mm (+9,8% R/E, +17,2% t/t e +34,7% a/a), o EBITDA divulgado foi recorde, R$ 778 mm (+9,9% R/E, +20,4% t/t e 44,4% a/a). (Comentário BEEF3) | Operacional em linha. A Eztec (EZTC3) registrou um desempenho operacional dentro do esperado, com receita líquida de R$ 243 mm (0% R/E, -16% t/t e -16% a/a) e um EBITDA de R$ 50 mm (-4% R/E, -37% t/t e -54% a/a). (Comentário EZTC3) | Em recuperação, mas ainda com resquícios do 1T. A BRF (BRFS3) reportou um resultado do 2T22 levemente abaixo das nossas expectativas, com uma receita líquida forte de R$ 12.939 mm (-1,6% R/E, +7,5% t/t e +11,2% a/a) e um EBITDA R$ 897 mm (-21% R/E, +491% t/t, -31% a/a). (Comentário BRFS3) | Receita e margens evoluem com inverno mais frio. A C&A Brasil (CEAB3) divulgou resultado robusto no 2T22, com crescimento de 38,7% de sua receita líquida frente o ano anterior, somando R$ 1,6 bi. O EBITDA Ajustado foi de R$ 246 mm (+145% a/a e +0,1% R/E). (Comentário CEAB3) | Prejuízo! A Copel (CPLE6) encerrou o 2T22 revertendo o lucro do 2T21 e apresentando prejuízo de R$ 522,4 mm. O resultado, segundo a empresa, foi impactado pela Lei que prevê provisão para destinação de créditos do PIS e Cofins. | Força no top line e resiliência nas margens trazem novo resultado sólido para a Direcional (DIRR3). A empresa atingiu um total de vendas líquidas de R$ 674 mm (+33% t/t e +31% a/a), encerrando o trimestre com resultado líquido de R$ 41 mm (+114% t/t e +31% R/E). (Comentário DIRR3) | Novas operações ainda não apresentam eficiência desejada. A Equatorial (EQTL3) apresentou resultados abaixo de nossas expectativas para o 2T22. A receita operacional líquida da companhia foi de R$ 5,4 bi (+4,2% a/a e -1% vs. Inter Research) e seu resultado líquido ajustado foi de R$ 397 mm. (Comentário EQTL3) | Resultados mistos, em linha com nossas expectativas. O Grupo Fleury (FLRY3) apresentou resultados mistos no 2T22, com receita líquida recorde de R$ 1.112 mm (+19,3% a/a) e EBITDA de R$ 298 mm (+35,6% a/a). (Comentário FLRY3) | Crescimento orgânico e foco na redução de alavancagem. A Hypera (HYPE3) reportou bons resultados no 2T22, em linha com o que esperávamos. A companhia divulgou receita líquida na soma de R$ 2.155 mm (+25,8% a/a) e o EBITDA das Operações Continuadas foi de R$ 683 mm (+15,4% a/a). (Comentário HYPE3) | Best in class. O Itaú Unibanco apresentou um resultado positive e acima das nossas expectativas, reportando um lucro líquido de R$ 7,7 bi (+4,3% t/t e +1,3% R/E). (Comentário ITUB4) | Diversificação do portfólio reforça a consistência nos resultados da JBS (JBSS3) no 2T22, a empresa apresentou uma receita robusta de R$ 92,2 bi (+0,5 R/E, +1,5% t/t e +7,7% a/a), com um EBITDA de R$ 10,4 bi (+13,1% R/E, +5,1% t/t e +8,6% a/a). (Comentário JBSS3) | Cheia de Estilo. A Lojas Renner (LREN3) apresentou resultado sólido no 2T22, em linha com nossas expectativas. A receita líquida totalizou R$ 3,2 bi (+40,6% a/a) e o EBITDA Ajustado atingiu R$ 519 mm (+57,3% a/a). (Comentário LREN3) | Apresentou a receita, com margens na veia. A Panvel apresentou resultados fortes no 2T22, em linha com nossas projeções. A receita líquida da empresa foi de R$ 986 mm (+27,0% e +1,3% R/E) enquanto o EBITDA no período somou R$ 88 mm (+37,2% a/a e +10,9% R/E). (Comentário PNVL3) | Crescimento de três dígitos no top line. A PetroRecôncavo (RECV3) reportou receita líquida 177% maior no comparativo anual do 2T22, totalizando R$ 691 mm. O lucro líquido foi na ordem de R$ 131 mm (+39% a/a). | Aquisição de frota acelera. A Localiza (RENT3) reportou resultados do 2T22 precisos com nossas projeções, com receita líquida de R$ 3.049 mm (+0% R/E, +12% t/t e +13% a/a) e EBITDA de R$ 1.117 mm (-1% R/E, -2% t/t e +45% a/a). (Comentário RENT3) | Incorporação de operação faz receita líquida de 2T22 da 3R Petroleum (RRRP3) saltar para R$ 399,6 mm (+161,5% a/a). O EBITDA no mesmo período foi de R$ 205,8 mm (+130,6% a/a). | Por água abaixo. A Sabesp (SBSP3) reportou resultados ao nosso ver decepcionantes para o 2T22, a companhia reportou uma receita operacional líquida de R$ 5,3 bi (+15% a/a), entretanto seu resultado líquido somou R$ 422 mm (-45,4% a/a). (Comentário SBSP3) | Risco regulatório ainda representa ameaça. A Sanepar (SAPR11) apresentou resultado negativo para o 2T22, mesmo com a evolução da receita operacional líquida de 6,7% encerrando em R$ 1,36 bi. O lucro líquido ajustado da empresa totalizou R$ 259 mm, 22% menor que 2T21. (Comentário SAPR11) | Bom desempenho operacional orgânico e inorgânico. A Sinqia (SQIA3) reportou um resultado acima da nossa expectativa, com EBITDA Ajustado de R$ 39,1 mm (+98,3% a/a e +42,8% R/E), a receita líquida da companhia foi recorde de R$ 151,8 mm (+72,9% a/a e +11,4% R/E). (Comentário SQIA3) | Sinistros ainda impactam no 2T. A Sulamérica (SULA11) reportou um resultado acima da nossa expectativa, com lucro líquido de R$ 140 milhões (+363% a/a e +487% vs. Inter Research) com ROAE de 5,1% (-260 bps a/a e +80 bps Inter Research). (Comentário SULA11) | Crescimento em linha. A Taesa (TAEE11) reportou resultados que novamente evoluíram. A empresa apresentou um EBITDA de R$ 464 mm e um lucro líquido de R$ 141 mm (+40% a/a e +24% a/a, respectivamente). (Comentário TAEE11)

IPOs & Afins

Nessa semana, dia 11 de agosto, o conselho de administração da Infracommerce (IFCM3) aprovou aumento de capital privado de R$170 mm a R$400 mm. Os titulares de ações terão de 17 de agosto a 15 de setembro de 2022 para exercer o seu direito de preferência ou cedê-los a terceiros. Até agora A Engadin Investments LLC (“Engadin”), Núcleo Capital Ltda. (“Núcleo”), Megeve Capital LLC (“Megeve”) e Compass Group LLC (“Compass”) manifestaram, informando a companhia que irão participar do aumento de capital.

Fusões e Aquisições

Na segunda-feira (08), a AES Brasil (AESB3) deu um grande passo na diversificação de seu portfólio de energia renovável com o anunciou a compra de 100% da Cubico, companhia que engloba o Complexo Eólico Ventos do Araripe, Caetés e Cassino, pelo montante de R$ 2 bilhões. Com a operação, a AES ampliará a sua capacidade operacional, alcançando o total de 5,2 GW em ativos renováveis, composto por 4,2 GM operacionais e 1 GW em construção, além de obter uma fonte complementar a hídrica. | Por outro lado, na quarta-feira (10) o TC (TRAD3) comunicou a realização da assinatura de um Memorando de Entendimentos de caráter vinculante (MOU) para possível compra da Pandhora Investimentos, gestora de fundos multiestratégia quantitativos, pelo montante de cerca de R$ 15 mm. Segundo a companhia, a transação traz um diferencial competitivo para o seu ecossistema, além de ampliar a diversidade de produtos ofertados para sua base.

Fundos Imobiliários

Em movimento de rali, o IFIX variou de 1,9% na semana. Seguem os principais fatos ocorridos no período: RECT11: O fundo comunicou a rescisão de seu contrato junto à Agaxtur Agência de Viagens e Turismo LTDA referente a locação dos conjuntos 101 e 102 localizados na Avenida Europa, em São Paulo-SP. A multa rescisória corresponde à totalidade dos aluguéis remanescentes e será paga em 38 parcelas mensais, até setembro de 2025, devidamente atualizadas conforme a correção monetária. Adicionalmente, o fundo informou a celebração para locação do mesmo imóvel junto à uma pessoa física pelo prazo de 60 meses. O contrato tem vigência desde o dia 01 de agosto de 2022, com área alugada correspondente a 1.962,60m². Considerando que a nova locação ocorreu por intermédio da Agaxtur, o fundo abaterá da parcela mensal da multa devida pela Agaxtur o valor do aluguel que efetivamente venha a receber do novo locatário. Cumpre destacar que tal mecanismo não configurará novação ou extinção da obrigação pelo pagamento da multa, que permanecerá integralmente devida pela Agaxtur em qualquer hipótese. Após essa locação, a taxa de vacância do portfólio permanecerá inalterada, equivalente a 10,09%. | XPPR11: Em continuidade aos fatos relevantes divulgados em dez/20 e jul/21, foi comunicado pelo fundo a finalização da entrega jurídica do SPA FLP junto ao fundo HSI V REAL ESTATE, transmitindo para o fundo a titularidade de 100% das ações da REC 2017 EMPREENDIMENTOS E PARTICIPAÇÕES X S.A., detentora de 40,00% das frações ideais do Edifício Faria Lima Plaza, com obras concluídas e área BOMA total de 41.463,63 m².

Agenda da Semana

Na semana que vem, a agenda está mais leve aqui no Brasil, com a divulgação do IGP-10, que deve mostrar deflação em agosto, e do IBC-br, que deve indicar uma pequena alta de 0,3% da atividade em junho, e elevação maior no trimestre. Lá fora, teremos os dados de vendas no varejo e do setor de construção nos EUA, que devem indicar como está a temperatura da economia americana no começo desse semestre. Na zona do Euro, teremos o CPI de julho, que também é esperado uma desaceleração, e o PIB do 2º trimestre, com uma expectativa de crescimento de 0,7% no trimestre.

Top da Semana

A semana apresentou grandes movimentações em decorrência da temporada de divulgações de balanço das companhias. Os resultados favoráveis de Positivo (POSI3) e Hapvida (HAPV3) foram interpretados de maneira positiva pelo mercado, resultando em altas de 27,9% e 19,7%, respectivamente. Mesmo apresentando prejuízo no trimestre, Azul (AZUL4) também apresentou forte alta de 23%, tendo demonstrado sinais de retomada do tráfego aéreo no período. Em contrapartida, CVC (CVCB3), MRV (MRVE3) e Natura (NTCO3) apresentaram respectivas quedas de 7,7% 8,7% e 18,9%, com destaque para Natura que reportou forte prejuízo líquido, em decorrência de uma queda em sua receita líquida, vindo abaixo do consenso de mercado.

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