Macroeconomia


O Mercado na Semana

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Rafaela Vitória

Publicado 17/mar

Expectativas para a super quarta

Após as medidas do Fed para evitar o contágio do risco bancário, a bolsa nos EUA teve alta de 1,3% na semana, mas o mercado segue com cautela com o aumento do risco de recessão. Aqui no Brasil, o Ibovespa teve queda de 1,58%, puxado pelas empresas de commodities, que seguiram as cotações no mercado lá fora com destaque para a queda do petróleo na semana de 12%. O Brent fechou a $72/barril, a menor cotação desde dezembro de 2021. Nos destaques setoriais, o índice de consumo (ICON) foi o que apresentou a menor queda com retorno de -0,14%. Na ponta oposta os índices de materiais básicos (IMAT) e indústria financeira (IFNC) apresentaram retornos negativos de -3,49% e – 2,04%, respectivamente.

Depois de mais uma semana tumultuada nos mercados globais, nos preparamos para a super quarta, com as decisões de juros do Copom e Fomc, ambas bastante aguardadas. Lá fora, o mercado segue divido entre uma pausa e uma alta de 25 bps na taxa do Fed. O ECB surpreendeu essa semana mantendo a alta de 50 bps, mas a taxa na zona do Euro está em apenas 3,5%, contra a inflação que acumula 8,5% em 12 meses até fevereiro, o que justificou a elevação, mesmo com o risco de solvência do Credit Suisse, que recebeu linha emergencial do banco central da Suíça. Nos EUA, o CPI de fevereiro veio em linha, mostrando uma desaceleração da inflação para 6% a.a. e o PPI (preços ao produtor) trouxe alívio, evidenciando a queda mais acelerada dos custos de produção para 4,6%. O Fed terá uma decisão difícil pela frente, uma vez que a crise bancária ainda é um risco e é provável que o mercado de crédito sofra um aperto adicional nesse cenário de maior aversão a risco. A autoridade monetária americana pode optar por uma pausa para avaliar a evolução no cenário de liquidez, e retomar o ciclo de alta em maio, ou pode considerar que os instrumentos para prover liquidez não interferem na trajetória da inflação e ainda é necessário elevar os juros conforme antecipado. Veremos também como os membros do Fomc reavaliaram suas expectativas para a economia, ponderando o risco de uma desaceleração maior da atividade. A taxa de dois anos teve forte queda ao longo da semana, de 4,6% para 3,8%, e chegou no menor patamar desde setembro do ano passado.

Por aqui, também há grande expectativa pela decisão de política monetária do Copom, na quarta feira, mas o foco será no comunicado. O consenso de mercado é pela manutenção da Selic em 13,75%, mas o BC pode alterar sua avaliação sobre o cenário de risco e abrir a porta para reduções de juros à frente. Dados de atividade continuam indicando queda e a taxa de desemprego da Pnad surpreendeu com uma alta acima do esperado para 8,4% em janeiro. Na nossa revisão de cenário, antecipamos a expectativa para o primeiro corte na Selic para junho, com a taxa no fim do ano chegando em 12%. A semana também será marcada pela apresentação do novo arcabouço fiscal e uma proposta que traga maior previsibilidade sobre o futuro das contas públicas pode impactar o prêmio de risco nas taxas de juros, e abrir espaço para novas reduções da Selic à frente. Por outro lado, anúncio de medidas do governo seguem trazendo incertezas para o mercado, como o programa de passagens com desconto, e a redução da taxa de juros máxima cobrada nos empréstimos consignados, medidas populistas que trazem impacto negativo para as empresas e para os consumidores.

Empresas e Setorer

Deu com uma mão e tirou com a outra. Magazine Luiza (MGLU3) divulgou resultados levemente acima do esperado, com boa geração de caixa e desalavancagem financeira, mas falha de compliance expôs irregularidades em operações comerciais, confira o relatório completo. | Resultado operacional satisfatório e perda de VP. A Via (VIIA3) também apresentou redução de endividamento e forte geração de caixa, impulsionada pela sazonalidade do período. Além disso, a empresa anunciou a renúncia do VP de Inovação Digital, Sr. Helisson Lemos, confira o relatório completo. | Menor giro compensado pela eficiência. Apesar do bottom line beneficiado pela resiliência na margem bruta e venda de participação em SPEs, a Direcional (DIRR3) reportou vendas fracas, em reflexo ao arrefecimento operacional sinalizado nas prévias, confira o relatório completo. | Carve-out atinge resultado. Os desinvestimentos requeridos pelo CADE impactaram o resultado operacional da Localiza (RENT3), que por outro lado apresentou uma redução do custo de dívida, confira o relatório completo. | Despesas financeiras prejudicando o resultado. A Rede Mater Dei (MATD3) reportou resultados neutros no 4T22, impactados pela sazonalidade negativa do período, integração das aquisições e aumento expressivo das despesas financeiras, confira o relatório completo. | Desalavancagem operacional na veia. O Grupo Fleury (FLRY3) também teve seus resultados impactados pelas integrações de M&As e forte sazonalidade, com Copa do Mundo e festas de final de ano reduzindo a utilização da rede, confira o relatório completo. | Resultados neutros. A Taesa (TAEE11) apresentou um desempenho misto no trimestre, afetado por uma Parcela Variável atípica devido a eventos adversos em algumas torres de transmissão, confira o relatório completo.

IPOs & Afins.

Nessa semana, o follow-on de ações do Assaí (ASAI3) rompeu a seca de ECM do mercado brasileiro. A oferta secundária de 254 milhões de ações do grupo francês Casino foi precificada em R$16,00 e movimentou R$4,064 bilhões. Com a operação, o acionista de referência passa a deter agora 11,7% do capital social da varejista.

Fusões e Aquisições

CSN (CSNA3) pode adquirir fatia da antiga fábrica da Ford. A companhia assinou um acordo com a Construtora São José para uma possível compra de 50% da área onde era localizada a antiga fábrica da Ford em Taubaté, no interior de São Paulo. A transação busca realocar uma das unidades de reinvestimento de sua controlada Prada, contudo, a operação ainda está sujeita a aprovação do Cade.

Fundos Imobiliários

Na última semana, IFIX oscilou -0,33%. Seguem os principais fatos ocorridos no período: HOFC11: O fundo recebeu proposta para venda da totalidade do Condomínio Edifício Alamedas, localizado no Jardim Paulista, em São Paulo-SP, pelo valor de R$ 42,2 mm. | OUJP11: O fundo afirmou ter recebido as remunerações dos CRIs da 25ª e 28ª Séries, ambas de 1ª Emissão da ORE Securitizadora S.A. | XPLG11: O fundo comunicou ter recebido o pagamento da Americanas S.A. referente ao ativo logístico Golgi Seropédica, do mês de competência de fev/23 e com vencimento em mar/23.

Agenda da Semana.

Na semana que vem haverá a super quarta, dia em que tanto o Copom aqui no Brasil como o Fomc lá nos EUA, se reúnem para decidir a taxa de juros. Enquanto aqui esperamos uma manutenção da taxa Selic em 13,75%, lá nos EUA a expectativa é de uma alta do intervalo de juros em 25 bps. O comunicado do Fed será muito relevante para compreendermos a percepção dessa autoridade monetária acerca dos problemas recentes no sistema bancário, e se eles acreditam estar aproximando o momento de iniciar os cortes nas taxas de juros por temerem uma crise sistêmica causada pela falta de liquidez. Por fim, monitoraremos a arrecadação tributária referente ao mês de fevereiro e o IPCA-15 de março. Para esse último indicador, esperamos uma variação de 0,5%, o que representaria uma desaceleração da inflação frente ao mês anterior, devido, principalmente, ao arrefecimento da inflação relacionada ao grupo educação.

Top da Semana

O destaque da semana ficou para as companhias Via (VIIA3) e Ecorodovias (ECOR3) que apresentaram uma forte alta de 14,8% seguida pela MRV Engenharia, que reportou uma alta de 12,9%. Na outra ponta, Qualicorp (QUAL3), São Martinho (SMTO3) e CSN (CSNA3) tiveram as maiores quedas de 14,8%, 10,6% e 8,3% respectivamente.


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