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Market Strategy - Maio 2025

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Daniela Barreto

Publicado 02/mai

Palavra da Estrategista | Maio 2025

Abril chegou com toda a força, e não estamos falando de chuvas! O mês começou com os mercados internacionais em uma verdadeira montanha-russa de dados econômicos, um dia subindo, no outro despencando. As preocupações com a estabilidade dos EUA trouxeram um grande choque de incertezas, prejudicando as projeções para o mês. A persistência da inflação em níveis elevados em diversas economias, também manteve os bancos centrais em alerta.

Aqui na terra do samba e do carnaval, mais conhecido como Brasil, o foco se manteve nas discussões sobre a meta de inflação. O real apresentou volatilidade frente ao dólar, refletindo tanto o cenário doméstico quanto as incertezas globais.

Diante deste panorama, montar uma estratégia de investimentos tem sido desafiador, mas não impossível. A palavra-chave? Diversificação! Afinal, não se pode colocar todos os ovos numa cesta só, especialmente quando a cesta está em uma montanha-russa econômica!

Bons negócios.

Cenário Local : Fim do ciclo à vista

O cenário é de desaceleração econômica, tanto no Brasil quanto no resto do mundo, após a incerteza das tarifas americanas. Ao mesmo tempo, nota-se as primeiras revisões baixistas das expectativas de inflação, o que permitiria o Copom inclusive encerrar o ciclo sem nova alta, mas deve seguir seu guidance e efetuar o último ajuste na taxa. Esperamos que o comitê encerre o ciclo com uma alta de 0,50 p.p, levando a Selic a 14,75%.

A inflação, por sua vez, deve-se manter pressionada ao longo dos próximos meses, encerrando 2025 com alta de 5,4%, com efeito maior da inércia na inflação de serviços, compensada pela expectativa de alívio na inflação de bens, principalmente com a potencial queda de preços de combustíveis. A média das medidas de núcleo do IPCA dá os primeiros sinais de queda, mas o maior risco baixista deve vir pelo câmbio, com o dólar acomodando próximo de R$5,80. Assim, a Selic deva ser mantida no elevado patamar até o final do ano, com o início de cortes estimado para dezembro.

Cenário Internacional - Tarifas turvam o cenário

O anúncio das tarifas no último dia 02 foi um grande choque de incerteza para a economia global, impactando significativamente as expectativas. A sensação de incerteza econômica nos Estados Unidos disparou e já é sentida nas expectativas de inflação, com os consumidores antecipando repasse tarifário. O vai e vem do governo Trump com a pausa nas tarifas por 90 dias e uma escalada com a China, fez a incerteza aumentar ainda mais, gerando uma sensação de paralisia entre os agentes econômicos.

O ambiente atual é pouco favorável para a condução da política monetária. O cenário incerto impede o Fed de avaliar como será a dinâmica da atividade e da inflação pós tarifas. Em meio à essa incerteza, antevemos que o Fed só retome os cortes nos juros quando houver evidência suficiente de que a economia americana está desacelerando, o que deve ficar evidente a partir de junho. Esperamos que o Fed corte 3 vezes esse ano a partir de setembro, levando os juros americanos ao intervalo de 3,00%-3,25% até o fim do ano.

Renda Fixa - Juros em queda?

As últimas semanas foram marcadas por uma acentuada queda de juros no Brasil. Alguns já apontam que estamos perto do fim do ciclo de alta da Selic, projetando até um cenário mais benigno para 2026. Com isso, a curva futura de juros fechou consideravelmente em todos os seus vértices.

Os ativos de renda fixa, por sua vez, responderam positivamente ao fechamento da curva. Até a penúltima semana de abril, os índices IMA-B, que medem os ativos IPCA+, e o IRF, que mede os prefixados, tiveram boa performance. Entendemos que essa tendência deve continuar à medida que os juros continuarem a fechar.

Por fim, no curto prazo, os indexadores ligados à Selic/CDI devem continuar performando bem. Acreditamos que o Banco Central deve encerrar a Selic em 14,75%, o que impulsionará os ativos pós-fixados.

Renda Variável | Ações - Um surto tarifário e um susto nos mercados.

Abril foi um mês intenso para os ativos de risco globais após o liberation day. A retaliação chinesa também foi dura e após a volatilidade nos mercados, os EUA resolveram adiar por 90 dias a aplicação das tarifas, o que trouxe alívio para os principais índices pelo mundo.

O impacto do tarifaço atingiu principalmente os mercados norte americanos, e as bolsas por lá ainda não se recuperaram totalmente, com destaque positivo na recuperação para mercados europeus seguido pela Nasdaq, mas o Dow Jones acabou sofrendo mais com as interpretações pós impactos das tarifas e retaliações chinesas. Emergentes por usa vez, seguiram trajetória positiva após a postergação das tarifas e se destacam.

Seguimos esperando alta volatilidade diante da guerra comercial, mas com emergentes ganhando preferência no momento atual, mas nos EUA, a queda recente da Nasdaq pode apresentar eventuais oportunidades para compra de papéis outrora caros demais.

Renda Variável | FIIs - Taxas firmes, cenário em transição

Abril foi marcado por estabilidade nos Fundos Imobiliários, com o IFIX performando positivamente, refletindo um mercado que começa a se movimentar. Mesmo com uma Selic elevada, as taxas de desconto no mercado imobiliário seguem firmes – sustentadas por fundamentos sólidos e pela atratividade dos ativos reais frente ao cenário econômico. O investidor institucional ainda vê valor no real estate como proteção de longo prazo e renda estável, sobretudo em comparação com a volatilidade de outros ativos.

Nos segmentos, a vacância segue em queda nos galpões logísticos, o que indica uma retomada consistente por demanda. Essa resiliência do setor logístico tem sido um alicerce importante para os FIIs focados em renda.

Seguimos atentos as oportunidades em fundos negociados com desconto, especialmente aqueles com contratos atípicos e boa diversificação. O fim do ciclo de alta na Selic tende a criar um ambiente mais construtivo para o setor, ainda que seletivo.


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