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Market Strategy - Julho 2025

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Daniela Barreto

Publicado 01/jul

Palavra da Estrategista | Julho 2025

Olha a Taxa, ... é mentira!!! E lá se foi o mês de junho! Um mês que fez a economia parecer mais uma novela mexicana - cheia de reviravoltas e com todo mundo de olho nos próximos capítulos.

No Brasil, com o Copom tivemos mais um aumento, e (mais uma vez) sinalizando fim do ciclo, fechando a Selic em 15% - Temos ainda, o Congresso debatendo aprovação da MP para mudar a cobrança de IR sobre os investimentos e o IOF.

Lá fora, ao contrário do frio que nos espera aqui no inverno brasileiro, o clima está esquentando e não estou falando do verão europeu (infelizmente). Os conflitos entre Irã e Israel tomaram grandes proporções e o Tio Sam entrou na briga, o que deixou os mercados em alerta, com temores de uma escalada da guerra. Para os investimentos, a receita continua a mesma: diversificar sempre!

Bons negócios.

Cenário Local: Com Selic a 15% e câmbio mais favorável, IPCA desacelera

Copom elevou a Selic para 15% e indica fim de ciclo. Isso não significa que cortes estejam próximos, pelo contrário. Porém, com o câmbio mais favorável nos últimos meses, IPCA tem perdido força, refletindo desinflação das matérias primas e bens industriais.

Com isso, revisamos nossa projeção para o IPCA de 5,3% para 4,9% em 2025, e de 4,4% para 4,3% em 2026. Esperamos que o IPCA mantenha a tendência de queda no segundo semestre de 2025 e fique abaixo da expectativa do mercado. A política monetária mais restritiva já impacta a concessão de crédito e a atividade doméstica deve seguir em queda, contribuindo para a continuidade da desinflação.

Nesse contexto, esperamos que as condições macroeconômicas permitam o início do ciclo de queda dos juros em dezembro desse ano, com o Copom cortando a Selic em 50 pontos base.

Cenário Internacional: Fed deve cortar juros em setembro

A inflação americana ainda não mostra impacto significativo das tarifas. Paralelamente, o mercado de trabalho perde força na margem, apesar de ainda robusto.

A incerteza ainda é bastante elevada, não havendo clareza sobre qual será o impacto das tarifas na economia, e o fato das tarifas ainda não terem impactado a inflação não significa que esse impacto não ocorrerá. Em 2018 o impacto demorou 3 meses para aparecer nos preços finais. Por outro lado, começam a acumular sinais de que a economia americana esteja desacelerando.

O corte em setembro é o mais provável. Se mantivermos a atual tendência dos dados, sem impacto inflacionário significativo e a atividade mantendo-se robusta, esperamos que o Fed corte em setembro. Por outro lado, se as tarifas de fato impactarem a economia, principalmente o mercado de trabalho, aumentando a taxa de desemprego, acreditamos que o Fed corte em setembro independente do possível impacto inflacionário. Assim, esperamos 3 cortes em 2025, a partir de setembro.

Renda Fixa: Dualidade dos juros

Estamos vivenciando uma dualidade no cenário da renda fixa. Enquanto a Selic atingiu 15%, o nível mais alto desde 2006, os juros futuros continuam apresentando queda. Tanto a curva futura préquanto os juros futuros reais (IPCA+) mostraram reduções nas últimas semanas.

Esse contexto gerou um impacto positivo na renda fixa. Para os ativos pós-fixados, como Selic e CDI, o aumento da Selic tem beneficiado significativamente os rendimentos, que atingiram cerca de 12,2% nos últimos 12 meses e 6,4% no ano. Acreditamos que, a curto prazo, esses ativos continuarão a ser um dos destaques positivos.

Por outro lado, os ativos prefixados e híbridos também têm apresentado retornos bastante satisfatórios. O IRF-M1, índice que mede os prefixados, destaca-se com 11,5% para 2025, enquanto o IMA-B5+ tem rendido quase 10%.

Esperamos que esse cenário se mantenha, pelo menos até o final do segundo semestre.

Renda Variável | Ações: Alívio nas tarifas, Brasil na máxima, mas ainda barato

As tensões internacionais, como a guerra tarifária e bélica, afetam os mercados. Até 26/06, a bolsa brasileira se manteve estável, com setores financeiro e óleo puxando o índice para baixo. O conflito entre Israel e Irã gerou pressão, mas os bombardeios resultaram em um cessar-fogo e alívio, com o petróleo caindo abaixo de US$ 70.

No cenário doméstico, a disputa entre Congresso e governo continua. A derrubada do IOF ajudou os bancos, enquanto a taxa de juros subiu para 15%, criando um ambiente de "higher for longer". Porém, os dados de inflação apresentaram melhora e as projeções futuras de juros estão em queda.

Diante dessas pressões, o índice Bovespa se mantém resistente, beneficiado por investimentos estrangeiros. Essa combinação pode criar oportunidades, tornando o Brasil uma alternativa atraente entre mercados emergentes.

Renda Variável | FIIs: Renovando máximas!

Apesar das turbulências, o IFIX encerrou junho mostrando resiliência. O índice fechou no último pregão em 3.483,77 pontos, levemente acima do recorde anterior fixado ao fim de maio. Ao longo do mês, o mercado de FIIs enfrentou incertezas após o anúncio da MP 1.303, que propõe tributação de dividendos para fundos imobiliários e Fiagros a partir de 2026. O impacto foi imediato: já no dia seguinte, o índice teve seu pior fechamento de junho.

Nas semanas seguintes, no entanto, o clima no mercado melhorou com a derrubada de pontos críticos da proposta original, sinalizando maior dificuldade do governo em avançar com as mudanças. Esse movimento ganhou força com a revogação do decreto do IOF, o que trouxe alívio aos investidores, e uma remontada do Índice, renovando sua máxima.

Mesmo diante de desafios, reforçamos a atratividade dos FIIs e seguimos atentos a possíveis mudanças no cenário regulatório.


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