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Carteira Recomendada | FIIs | Outubro

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Gustavo Caetano

Publicado 26/set10 min de leitura

Doméstico sustenta a recuperação

Apesar da volatilidade observada dos mercados globais, o mês de Setembro seguiu sendo marcado pela melhora de expectativas no mercado doméstico. Com o fim do ciclo de alta da Selic e melhor ancoragem de expectativas com a inflação, a curva de juros brasileira seguiu um rumo contrário à americana ao se manter em tendência de queda. Além disso, dados positivos da atividade, como o IBC-Br, trouxeram revisões positivas para o PIB de 2022, puxado principalmente pelo bom desempenho dos serviços. Com isso, o mercado de FIIs apresenta um desempenho resiliente no mês de Setembro, ainda sustentado pelos ganhos dos fundos de tijolo. Até a terceira semana de Setembro, o IFIX acumula ganhos de 0,5%, bem como com rentabilidade de 6,6% no ano e de 10,4% nos últimos 12 meses. Grande indutor do desempenho do IFIX no mês, os fundos de tijolo apresentam uma alta de 9,3% em 2022. Apesar do impacto da deflação esperado no curto prazo, os fundos de papel seguem com desempenho resiliente e mantêm seu papel de hedge à inflação, com rentabilidade acumulada de 3,9% no ano.

Defasagem em queda

Historicamente, observamos que os FIIs acompanham o desempenho dos títulos do tesouro indexados ao IPCA (medido pelo índice IMAB), ou seja, têm uma remuneração real compatível com o prêmio de risco em relação ao título do tesouro, mais a correção pela inflação. Desde meados de 2020, no entanto, a inflação seguiu ritmo mais acelerado e se deslocou da correção das receitas dos FIIs, principalmente no caso dos fundos de tijolo, que ainda têm alugueis defasados devido à vacância ainda elevada e recuperação ainda em curso dos setores de serviço e varejo.

No entanto, temos observado uma recuperação gradual do segmento de tijolo e, consequentemente, do IFIX em relação ao segmento de papel e IMA-B . No longo prazo, esperamos que os FIIs de tijolo também desempenhem papel de proteção contra a inflação, remunerando o investidor com prêmio médio entre 2% e 3% acima da NTN-B e, ainda, com a isenção de IR.

Para o mês de Outubro, optamos pela manutenção da nossa carteira recomendada, partindo do pressuposto de que nossa tese permanece inalterada. Apesar da deflação do IPCA projetada no curto prazo, os fundos de papel selecionados seguem como importante instrumento de hedge à inflação, desfrutam de um carrego favorável no longo prazo e estão bem posicionados com uma carteira de baixo risco. Ainda que não apresentem potencial upside, os ativos do segmento seguem estrategicamente importantes em termos de resiliência e equilíbrio para o portfólio. Com isso, mantemos nossa exposição ao segmento de crédito com perfil high grade majoritariamente indexado à inflação. Apesar da recuperação no último mês, o desconto existente nos fundos de tijolo ainda traz oportunidades de ganhos de capital. Tendo como critério a melhora do cenário top-down, qualidade do portfólio e capacidade de geração de caixa, bem como a recuperação operacional observada nos últimos meses, reiteramos nossa exposição nos segmentos de galpões logísticos, lajes corporativas e shoppings, com maior peso no último devido à solidez apresentada pelo setor no repasse de aluguéis. Dito isso, esperamos que o atual desconto continue sendo atenuado com o arrefecimento da inflação e queda nos juros. Também mantemos nossa exposição em FoFs tendo como premissa seu atual posicionamento no segmento de tijolo e duplo desconto devido à marcação a mercado do patrimônio líquido.

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