Carteira Global Macro | Inter Recomendações
Carteira destinada para investidores que buscam diversificação em relação aos seus investimentos internacionais. Com foco na macroeconomia internacional, essa carteira é desenhada para operar ciclos macroeconômicos ao redor do mundo, em linha com o cenário macro vislumbrado pelo time de Macro Research do Inter.
A carteira é composta exclusivamente de ETFs que permitem operações long e short em diversas classes de ativos. Com isso, nós conseguimos fornecer uma nova camada de diversificação, montando uma carteira com baixa correlação com o S&P500. O horizonte relevante é de 3 a 6 meses. Apesar de não ser de curtíssimo prazo, é uma carteira que demanda um acompanhamento um pouco mais frequente.
Dominância fiscal?
O cenário em setembro não apresentou mudanças significativas. A economia americana continua com a atividade em patamar robusto, mas com o mercado de trabalho e a inflação desacelerando.
Enquanto isso, o Fed não dá sinais de reversão de curso e, apesar de não ter elevado a taxa de juros, ele se mostra comprometido em manter os juros elevados por mais tempo, garantindo a convergência da inflação à meta de 2%.
Entretanto, as incertezas permanecem, principalmente acerca da política fiscal americana, que em parte tem sido o motor por trás dessa atividade robusta. Em setembro observamos novo rally nos juros longos americanos em resposta ao aumento da oferta de títulos, mas também com um receio de que a economia americana possa estar iniciando um período de dominância fiscal.
Isso torna o ambiente extremamente difícil de navegar. Além disso, observou-se uma forte alta nos preços do petróleo, o que pode desencadear novas pressões inflacionárias, levando o Fed a agir.
Para complicar ainda mais, o governo americano se aproxima perigosamente de um shutdown, o que pode trazer ainda mais volatilidade aos mercados, especialmente nos bonds americanos. Assim, está difícil antever quando os juros irão fazer pico, o que tem tornado os bonds um dos piores investimentos do ano.
Energia lá no alto
O rally nos yields dos bonds americanos causaram uma sangria no mercado como um todo. Com isso, as bolsas ao redor do mundo tiveram um mau desempenho em setembro.
A China em particular continua sofrendo com seu mercado imobiliário claudicante, com as oscilações intensificadas novas notícias negativas sobre a Evergrande, que culminou na prisão do seu presidente.
A Europa continua sua tendência de desaceleração, o que tende a piorar uma vez que o banco central europeu surpreendeu os mercados com nova alta na taxa de juros em meio às pressões inflacionárias de energia e piora nas suas projeções.
Finalmente, o Japão continua com inflação pressionada enquanto o banco central mantém os estímulos monetários. Havia a expectativa de que o banco central pudesse dar algum direcionamento sobre mudanças na sua condução, o que não ocorreu. Enquanto isso, o iene continua apanhando dos mercados, encerrando o mês acima de 149. É um patamar historicamente alto, e a última vez em que foi atingindo gerou uma reação defensiva por parte do tesouro japonês.
Por fim, apesar de já ter subido intensamente, o preço do petróleo deve se manter pressionado em meio aos cortes de produção. Um ponto a se observar é o comportamento do gás natural, que tende a acompanhar os movimentos no preço do petróleo com algum atraso.
Desempenho | Alta dos juros longos e risk off continuam a prejudicar a carteira
O desempenho da nossa carteira foi negativamente impacto pelo movimento de alta nos juros longos americanos observado ao longo do mês. Com isso, nossa posição em TLT foi a que teve o maior impacto negativo sobre a carteira.
Consequentemente, essa alta gerou um movimento de risk off, afetando todos os ativos de risco. Por outro lado, nossas posições vendidas em ações europeias e small caps americanas tiveram desempenho significativo, impedindo um desempenho ainda pior.
Com isso, a carteira teve desempenho de –2,36% em setembro.
Alocação | Cash is king
Dado o cenário macroeconômico que traçamos aqui, acreditamos que é hora de dar um passo atrás e esperar um cenário mais claro.
Com isso, nos desfazemos da nossa posição em títulos longos e em bolsas polonesa e chinesa. Também colhemos os lucros com as nossas posições vendidas. Apesar de ainda projetarmos um cenário pouco favorável para ações, acreditamos que o mês de outubro pode dar um suspiro para as ações, uma vez que o estresse no mercado de títulos pode dar um alívio.
Entretanto, a incerteza é muito alta e preferimos manter uma posição maior em caixa. Assim, aumentamos nossa alocação em treasuries de curtíssimo prazo, que pagam 5% ao ano, o que a nosso ver é em meio a esse cenário. Portanto, nossa alocação em SHV passa de 40% para 85% da carteira.
Mantemos nossa posição em ouro, apesar do desempenho negativo em setembro, pois acreditamos que é um ativo que pode ter desempenho em ambos os cenários mais prováveis, o soft landing e a recessão.
Adicionamos duas novas posições, ambas com peso de 5%. Uma posição long iene, pois acreditamos que o atual patamar é bastante convidativo. Tudo indica que o governo japonês irá defender o iene no patamar de 150 e uma mudança na política monetária japonesa é iminente nos próximos meses. Acreditamos que esse é um excelente ponto de entrada visando essa correção na política monetária.
Por fim, adicionamos uma posição long em gás natural para aproveitar o cenário de estresse no mercado de energia. Como petróleo já andou bastante, acreditamos que essa tendência pode ser melhor aproveitada agora no gás natural.