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Inter Dica | Mercado de Opções

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Fernando Urbano

Publicado 21/out10 min de leitura

Resumo

No Inter Dica dessa semana, traremos a introdução ao tema Opções. Opções são derivativos negociados na Bolsa e que vem se tornando cada vez mais popular entre os investidores que almejam proteger seus portfólios através de operações de hedge ou que buscam apenas especular para obter ganhos no curto prazo. Por outro lado, ressaltamos que o investimento em opções apresenta riscos que outros ativos não possuem, além de demandar um conhecimento mais avançado e perfil de risco arrojado. Para ajudar na trilha do investidor que busca operar com derivativos como estes, traremos este e outros Inter Dicas com novas óticas e conteúdos referentes ao tema!

Mas antes de querermos nos tornar profissionais de derivativos, vamos começar do início...

O que é uma opção?

Opção é um tipo de derivativo, ou seja, o seu preço “deriva” do preço de um ativo ao qual ela está atrelada. Mais especificamente, a opção é um contrato que concede ao seu comprador, também conhecido como titular da opção, o direito de comprar ou vender o ativo subjacente por um valor determinado em uma data ou até uma data específica.

As opções podem derivar de outros ativos que não ações como: commodities, índices, moedas e até renda fixa! Devido à amplitude de possibilidades e necessidade de resumir nosso texto, iremos focar nossa explicação somente em opções de ações em um primeiro momento.

Como funciona uma opção?

Ao entrarmos nesse mercado, é importante entendermos oito conceitos básicos que definem um contrato de opção. Primeiramente, todo contrato de opção tem um ativo objetivo, também conhecido como ativo subjacente. Esse é o ativo ao qual a opção está atrelada e tem forte influência em determinar seu preço.

Os próximos dois conceitos são referentes aos agentes do contrato: titular e lançador do contrato. O lançador vende ao titular a opção, ou seja, o direito de comprar ou vender o ativo em uma determinada data, ou até uma determinada data.

O valor que o titular paga ao lançador da opção é conhecido como prêmio (nosso quarto conceito!). O preço pelo qual o titular pode comprar ou vender o ativo objetivo é conhecido como preço de exercício ou strike (quinto conceito), e a data em que o titular pode efetuar a compra ou a venda é conhecida como data de exercício ou data de vencimento do contrato (chegamos ao sexto conceito!). Por fim, a natureza da opção também é essencial. Opções chamadas calls (ou opções de compra) são opções em que o lançador vende ao titular o direito de comprar o ativo e opções chamadas puts (ou opções de venda) são opções em que o lançador vende ao titular o direito de vender o ativo. De forma geral, concluímos que o titular, ao comprar uma call, está apostando na alta do ativo objeto, enquanto, ao comprar uma put, está apostando na queda daquele mesmo ativo.

Na grande maioria das ocasiões, vale guardar algumas regrinhas de bolso: quando o titular possui uma call, ele somente irá exercer a opção, ou seja, comprar o ativo do lançador da opção, se o preço de mercado na data de exercício estiver acima do preço de exercício. No caso do titular de uma put, o contrário também é valido: ele só irá vender para o lançador se o preço de mercado estiver abaixo do preço de exercício na data de exercício. Por fim, vale ressaltar que quando tratamos de opções, somente o titular tem o direito de exercer a opção (comprar ou vender o ativo de acordo com o contrato). Na ponta contrária, o lançador da opção tem o dever de comprar ou vender o ativo se esse for o desejo do titular e, como recompensa por essa obrigação, recebe o prêmio.

Se você ainda está confuso com tudo isso, não se preocupe! O mercado de derivativos possui diversos jargões que em primeira vista podem parecer complicados. Felizmente, alguns exemplos nos ajudarão a entender melhor...

Exemplificando e Simplificando

O investidor acredita que no final do ano a ação fictícia XVQN3, atualmente negociada a R$ 22,00, estará em patamar superior a R$ 25,00. Assim, ele decide comprar uma call em que o ativo objeto é a ação XVQN3 com o preço de exercício de R$ 25,00, com vencimento, ou data de exercício, em final de dezembro. Como mencionamos anteriormente, esse investidor se tornou o titular da opção de compra, enquanto a contraparte do processo é o lançador, a qual, no exemplo, recebeu um prêmio de R$ 2,00, que pode também ser conhecido como o preço da call.

Com a chegada do final do ano, na data do exercício, esse investidor confere seu homebroker e se vê feliz ao perceber que a ação está sendo negociada a R$ 33,00! Seguindo as regrinhas de bolso antes citadas, ele exerce a opção e compra do lançador o ativo por R$ 25,00. Ao comprá-lo, o investidor tem um retorno de R$ 8,00, proveniente da diferença entre o preço atual e o preço de compra, mas deve descontar os R$ 2,00 do prêmio, pagos ao comprar a opção de call, totalizando lucro de R$ 6,00 (300% de retorno sobre o valor pago). Em um primeiro momento, a compra do derivativo parece extremamente tentadora, no entanto, outras situações poderiam levar a perdas. Por exemplo, se, no final do ano, a ação XVQN3 estivesse sendo negociada a R$ 26,00, o investidor ainda deveria exercer a opção de compra, conseguindo o resultado de + R$ 1,00 no ativo. Contudo, o lucro com ação não compensaria o prêmio de R$ 2,00 e o investidor sairia no prejuízo de R$ 1,00 (ou -50% de retorno sobre o valor pago).

Por fim, se a ação estivesse sendo negociada a R$ 23,00, o investidor não deveria exercer o direito de comprá-la por R$ 25,00 do lançador e não teria retorno com a variação do preço do ativo. O resultado seria uma perda de R$ 2,00 (ou -100% do valor pago).

O gráfico abaixo mostra todos os possíveis resultados (lucros ou prejuízos) no eixo y, enquanto o eixo x apresenta o preço do ativo objeto necessário para alcançar cada um desses resultados. Percebemos que, em qualquer preço superior a R$ 25,00, desconsiderando taxas necessárias para efetuar a compra, o titular já deve exercer a opção de compra. Apesar disso, a estratégia somente começa a apresentar lucro quando o preço do ativo objetivo supera a soma do preço de exercício com o prêmio que, no exemplo, é R$ 27,00 (preço de exercício (R$ 25,00) + prêmio (R$ 2,00)). Para mais, vale ressaltar que, ao comprar uma call, o prêmio pela compra da opção é a perda máxima, enquanto o lucro não possui limite e é estritamente dependente do preço ativo objetivo.

Assim, no fim do ano, animado com o ganho de R$ 6,00, o investidor analisa o mercado e cria uma perspectiva negativa sobre KGFB4, atualmente negociada a R$ 70,00. Esse acredita que a ação está sobrevalorizada e tem um preço justo de R$ 47,00. Seguindo sua tese, ele compra uma opção de venda (put) por R$ 4,00, com preço de exercício a R$ 60,00 e vencimento em final de março. Com a chegada da data de exercício, o investidor vê o preço da ação em R$ 75,00.

Ao contrário das opções de call, as opções de venda (put) devem ser exercidas somente se o preço de mercado estiver abaixo do preço de exercício. Seguindo a regra, o investidor não exerce a opção e se depara com perda de R$ 4,00 (-100% de retorno sobre o valor pago).

Por outro lado, se a ação estivesse sendo negociada abaixo de R$ 60,00, o investidor deveria exercer a opção para obter o melhor resultado. Caso a ação estivesse em R$ 46,00 na data de vencimento, o titular da opção poderia comprar a opção pelo preço de mercado e vende-la para o lançador da put por R$ 60,00, configurando retorno de R$ 14,00 sobre a ação e R$ 10,00 de lucro (250% de retorno sobre o valor pago). Em um último caso, caso a ação terminasse o mês de março em R$ 58,00, o investidor deveria ainda exercer o direito de vender a ação, mas apresentaria prejuízo de R$ 2,00 (ou -50% de retorno sobre o valor pago).

Novamente, o gráfico abaixo mostra os possíveis resultados (lucros ou prejuízos) da estratégia em função do preço do ativo subjacente. Em relação a opção de call, o gráfico que mostra a visão de um titular de uma opção de put é invertido e tem lucro maior quando o preço do ativo objetivo está mais baixo. No nosso exemplo, o titular da put passa a exercer seu direito de venda, desconsiderando taxas, quando o preço do ativo objetivo se encontra abaixo de R$ 60,00 (preço de exercício), no entanto, a estratégia somente apresenta lucro quando o preço da ação na data de vencimento é inferior a R$ 56 (preço de exercício – prêmio pela put). Para mais, o titular de uma opção de put se depara com uma distribuição de retornos pela estratégia similar ao do titular da call, dado que tem lucro ilimitado e estritamente dependente do ativo objetivo, enquanto o prejuízo é o prêmio pago.

Hedge e Alavancagem

Como podemos ver no exemplo anterior, as opções possibilitam aos titulares obterem retornos consideráveis em um curto espaço de tempo e com uso de capital reduzido. Por outro lado, o valor dessas e o resultado que elas geram tem maior volatilidade e, se determinadas condições não forem cumpridas, o prejuízo se torna todo o capital investido. A utilização de opções, nessas ocasiões, se caracteriza como alavancagem e expande os retornos sobre os investimentos tanto para a ponta positiva como também para a negativa. No entanto, opções também podem ser usadas como hedges. Nesse caso, calls e puts são compradas com o intuito de suavizar retornos do portfólio como um todo, gerando lucros em eventos extraordinários ou reduzindo perdas em casos de quedas relevantes no mercado

Como compro uma opção?

Como dito anteriormente, as opções podem ser compradas e vendidas pela B3 ou pelo mercado de balcão. Infelizmente, diversas opções com vencimentos, preços de exercícios e ativos objetivos não tem liquidez e, para comprá-las, é necessário obter uma contraparte que formalize o contrato de forma “artesanal” dentro do mercado de balcão. Por outro lado, as opções com liquidez podem ser compradas pela B3. O ticker das opções varia de acordo com a natureza da opção (compra ou venda), ativo subjacente, data de vencimento e preço de exercício. As quatro primeiras letras indicam qual é o ativo objetivo da opção, a letra intermediária indica o mês de vencimento e a natureza da opção e os últimos dois dígitos indicam o preço de exercício (strike). A tabela abaixo mostra a relação entre a letra intermediária e a natureza e vencimento da opção.

Seguindo a lógica acima descrita, uma call de Petrobras com preço de exercicio de R$ 35,00 e vencimento em janeiro teria o ticker PETRA35. PETRM35 seria a put com o mesmo preço de exercício e mês de vencimento e PETRV30 seria a put com o preço de exercicio em R$ 30,00 e vencimento em outubro.

Riscos e próximos passos

Gostou? Nós também! Contudo, a compra e venda de calls e puts somente é recomendada para investidores com perfil de risco arrojado e, mesmo assim, em percentual pequeno da carteira, de forma a dar aquela apimentada nos retornos! Ressaltamos mais uma vez que o mercado de opções apresenta diversos riscos não presentes em outros investimentos e conhecimento para operar nele é essencial. Por isso, aguarde nosso próximo inter dica sobre opções.

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