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Inter Dica | CRA

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Manuela Granja

Publicado 04/jul8 min de leitura

Resumo

Com a vasta gama de produtos de investimento, torna-se cada vez mais complexo determinar onde alocar o seu capital. Em vista disso, nesse Inter Dica te explicaremos sobre mais uma opção de ativos, o famoso CRA e como se investir nesse tipo de produto.

O que é?

Sendo uma recente modalidade do segmento de renda fixa, iniciada em 2009, o Certificado de Recebíveis do Agronegócio, famoso CRA, é um título de crédito privado. A sua emissão é efetuada pelas securitizadoras, que são, de maneira resumida, as empresas adquirentes de dívidas de companhias, com o propósito de transformar essa obrigação em títulos negociáveis. Desse modo, ao adquirir esse papel, o investidor terá o direito de receber os créditos oriundos dos empréstimos efetuados para financiamento de projetos rurais.

O CRA, similarmente ao LCA, tem sua emissão vinculada ao financiamento das atividades do setor de agronegócios, o que o torna isento de Imposto de Renda (IR) e IOF para pessoas físicas, como incentivo ao segmento, levando em conta a relevância da agropecuária para economia brasileira, cuja representatividade ficou em 27,4% do PIB em 2021, segundo dados da Cepea/CNA. Além disso, por estar atrelado a um risco superior em comparação a demais investimentos de renda fixa tradicionais, possui uma taxa de remuneração superior.

Funcionamento

O CRA é constituído através de negócios efetuados entre produtores rurais, ou suas cooperativas, e terceiros, com o intuito de financiar operações ligadas a toda cadeia agropecuária. Tendo em vista a sua necessidade de lastrear os recebimentos de um fluxo de crédito, existem dois modelos de estruturas para geração dos certificados de recebíveis, sendo eles: pulverizado e corporativo.

No caso da estrutura pulverizada, o primeiro passo para gerar um CRA ocorre quando um empreendimento agrícola toma um empréstimo com uma instituição financeira, que por sua vez opta por comercializar essa dívida com uma securitizadora para a emissão de um título. Neste cenário, a instituição prefere antecipar o recebimento desse recurso através da distribuição de CRAs para os investidores, ao passo que se compromete a repassar o valor total recebido pelo tomador no período acordado. Nesse modelo, uma das principais vantagens do CRA, e o que mais costuma acontecer, é que a securitizadora tem o poder de agregar diversos créditos cedidos por uma instituição financeira em um mesmo título, de modo que o adquirente arcará com o risco e retorno de todos esses tomadores repassados.

Já no modelo corporativo, a emissão do CRA ocorre quando um empreendimento que contenha um fluxo financeiro previsto para receber no futuro necessita antecipar o montante total para financiar as suas operações. Para que isso aconteça, a companhia negocia os direitos creditórios com a securitizadora, que a transforma em títulos negociáveis.

Desse modo, o investidor que adquire um certificado de recebíveis é quem contrai o direito de recebimento dos pagamentos desse financiamento. Ou seja, quando o tomador pagar periodicamente a parcela da sua dívida, a securitizadora também distribuirá os juros para os adquirentes dos títulos. Pontuamos que essa remuneração para o investidor pode ser efetuada regularmente ou no vencimento do papel, a depender das normas de cada título apresentadas no prospecto.

Rentabilidade

Pertencente ao grupo de renda fixa, os pagamentos dos CRAs podem ser efetuados nas modalidades híbrido, pós e pré-fixado. Além disso, conforme já mencionado, o CRA é isento de IR e IOF para pessoas físicas; enquanto para jurídicas é somente dispensado o IOF, no qual o pagamento do IR segue os valores da tabela regressiva.

Vantagens

Dentre as principais vantagens dos CRAs, listamos:

1. Isenção de IR, IOF e taxas: a liberação do pagamento dos impostos impulsiona o retorno do ativo para o investidor, fator que contribui para popularidade do CRA. Além disso, não é cobrada taxa de administração, performance e demais outras exigidas pelas instituições financeiras.

2. Retorno: como o risco desse tipo de investimento é relativamente superior, os juros pagos pelos CRAs também são mais elevados, podendo superar o CDI, o que o torna mais atrativo em comparação com as demais modalidades. Em complemento, é possível acessar o fluxo de recebimento do título – característica de ativos de renda fixa –, além de ter a possibilidade, em alguns casos, de verificar o rating do papel, que é divulgado pelas agências de risco, trazendo um pouco mais de segurança para o investimento.

Desvantagens

Por outro lado, dentre as maiores desvantagens e riscos do investimento, pontuamos:

1. Liquidez: como a demanda no mercado secundário é baixa para comercialização dos ativos, os CRAs são caracterizados por baixa liquidez, de maneira que o investidor, em sua maioria, só consegue retirar o capital aplicado na data de vencimento, que varia em média entre 4 a 15 anos. Em vista disso, esse tipo de investimento é mais favorável para indivíduos com objetivos de longo prazo.

2. Cobertura do FGC: por não possuírem a garantia do Fundador Garantidor de Créditos (FGC), o investidor fica mais suscetível a riscos de crédito.

Diferença entre o CRA e CRI

Com o mesmo funcionamento, a diferença entre os ativos está associada à sua finalidade, no qual o CRI faz captações para o setor imobiliário, com possibilidades de se investir indiretamente através de Fundos Imobiliários. Em contrapartida, o CRA atua somente com agronegócio, sendo mais comercializado entre o público de alta renda, em sua maioria para investidores qualificados.

CRA vs. LCA

A principal diferença entre os ativos é que o LCA, Letra de Crédito do Agronegócio, é emitido pelas instituições financeiras, visando a captação de recursos destinados a empréstimos cedidos para produtores rurais. Desse modo, o título é garantido pelo FGC, o que traz um risco menor e, geralmente, um retorno inferior ao CRA.

Como investir?

Para adquirir um CRA é relativamente simples, primeiramente é necessário ter uma conta em uma corretora de confiança e selecionar o título dentro da plataforma, localizado dentro do segmento de renda fixa, ou efetuar a compra pelo mercado secundário. Além disso, em casos de IPO de CRAs, é necessário se atentar se a corretora de sua preferência ingressou na oferta como distribuidora.

No caso de venda de um CRA, conforme foi mencionado anteriormente, a sua liquidez é muito baixa, sendo necessário comercializar através do mercado secundário (na B3 se encontra no Bovespa Fix, ambiente voltado para títulos privados). Nessa ocasião, é interessante entrar em contato com a sua própria corretora e verificar a possibilidade de liquidação, em alguns casos a própria instituição pode adquirir por um valor descontado.

Mas, quanto custa? Os CRAs em sua maioria são voltados para investidores qualificados (agentes com mais de R$ 1 milhão investido, ou que trabalhe no mercado financeiro em certas categorias exigidas ou que detenha alguma das certificações solicitadas pelas CVM), o que faz com que seus valores iniciais possam ser bastante elevados. Contudo, também é possível encontrar alguns papéis que sejam lançados em valores de R$ 1 mil a R$ 5 mil, sendo uma opção interessante para diversificação de carteira.

Conclusão

Os Certificados de Recebíveis Agrícolas são opções interessantes para investidores que buscam um retorno de longo prazo e possuam um perfil arrojado, uma vez que é possível diversificar a sua carteira com um ativo de renda fixa de elevado retorno, voltado ao crescente setor de agronegócios, importante pilar da economia brasileira, que avança fortemente ao longo dos anos.

No entanto, é importante que o investidor verifique os riscos e se este produto se adequa ao seu perfil de investimentos. Em complemento, é necessário verificar o prospecto, no qual constará a data de vencimento da aplicação, pagamentos e demais informações sobre o papel, além do rating do título, antes de se tomar uma decisão. Realçamos que o CRA possui baixa liquidez, o que aumenta a inviabilidade de vender antes da data de vencimento.

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