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Call e Put spreads

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Gustavo Caetano

Publicado 25/jan

Call e Put spreads

Historicamente utilizado por agentes financeiros, seja para fins de hedge ou especulativos, as operações estruturadas com opções são cada vez mais comuns entre os clientes de varejo. Dentre as diversas operações disponíveis no mercado, uma das mais conhecidas é a call spread, que configura a compra e venda simultânea de opções de compra da mesma ação, porém com com strikes distintos, com o objetivo de auferir ganhos limitados sobre a variação do ativo subjacente. Inversamente, a mesma lógica se aplica às operações de put spread.

Mas qual é a lógica por trás da operação, bem como sua funcionalidade e passos realizados para abertura de posição? No Inter Dica desta semana, vamos esclarecer cada ponto sobre a operação.

Tecnicamente falando, as operações de “spread” podem ser divididas entre as bull (onde há expectativa de alta das ações) e bear (expectativa de baixa), sendo ambas posições com quantidade igual de long (comprada) em opções a um determinado strike, bem como short (vendido) em opções com outro strike. Como dito anteriormente, a operação pode ser tanto feita com calls quanto puts.

Debt spreads

No primeiro grupo de spreads, a serem definidos como debt spread (cuja definição será dada adiante), consideramos operações bull spread aquelas realizadas com calls, dado sua aposta no cenário altista; enquanto bear spread àquelas realizadas com puts, uma vez que essa se beneficia do cenário baixista. Logo, temos as bull call spreads, bem como as bear put spreads.

Enquanto os bull call spreads usam posição long em uma opção com menor strike (ex: R$ 40) e short em uma opção com strike superior (ex: R$ 44), os bear put spreads usam posição long em uma opção com strike superior (ex: R$ 44) e short em uma opção com strike de menor valor (ex: R$ 40). Como uma operação é contrária à outra, podemos afirmar que estar ‘comprado’ em uma bear put spread é equivalente estar vendido em bull call spread, e vice-versa.

Bull call spread. Imagine que um investidor compre uma call (strike R$ 40) por R$ 3,50 e venda outra call (strike R$ 44) por R$ 2,00. Com isso, o investidor teria um dispêndio líquido de R$ 3,50 – R$ 2,00 = R$ 1,50.

No caso de uma bull call spread, a operação teria os seguintes pontos críticos:

  • Perda máxima: prêmio líquido pago = R$ 1,50
  • Nível de Breakeven: valor strike inferior + prêmio líquido pago = R$40 +R$ 1,50 = R$ 41,50
  • Lucro máximo: diferença de preço entre os strikes – prêmio líquido pago=(R$44–R$40)–R$1,50=R$2,50

É importante ressaltar que, como a opção com strike inferior tem mais chance de ser exercida, ela naturalmente tem valor superior à outra, o que gera um custo líquido na operação e faz dela um tipo de operação que gera ‘débito’ (logo, debt spread).

No gráfico abaixo, fica claro que a exposição gerada pela operação é bullish, porém limitada quando comparado a apenas comprar a call com strike a R$ 40.

Na prática, a operação é equivalente a comprar diretamente o ativo subjacente, com ordens simultâneas tanto de stop gain quanto de stop loss. Dito de outra maneira, a operação visa obter ganhos decorrente dos movimentos do ativo, porém com ganhos e perda potencial limitada.

Bear put spread. Analogamente, o mesmo investidor pode comprar uma put (strike R$ 44) por R$ 3,50 e vender outra put (strike R$ 40) por R$ 2,00. Assim, o investidor teria novamente o dispêndio líquido de R$ 3,50 – R$ 2,00 = R$ 1,50. Com lógica semelhante à call spread, porém inversamente apostando na queda, a operação teria os seguintes pontos críticos:

  • Perda máxima: prêmio líquido pago = R$ 1,50
  • Nível de Breakeven: valor strike superior - prêmio líquido pago = R$44 +R$ 1,50 = R$ 42,50
  • Lucro máximo: diferença de preço entre os strikes – prêmio líquido pago=(R$44–R$40)–R$1,50=R$2,50

Credit spreads

Obviamente, também é possível usar calls para criar bear spreads, bem como utilizar puts para posições bull spreads, ou seja, abrir posições contrárias às anteriormente descritas. Portanto, no caso da bear call spread, compra-se a call com maior strike simultâneo à venda do call com menor strike; enquanto no bull put spread compra-se a put com menor strike junto com a venda da put com maior strike. Nos dois casos, a abertura de posição gera uma entrada líquida de recursos, ou seja, um prêmio (ou ‘crédito’) a ser recebido por conta da posição montada, por isso o nome credit spread.

Logo, as posições de credit spread, divididas entre a bear call spread e bull put spread, seriam equivalentes estar em posição contrária, respectivamente, ao bull call spread e bear put spread, ou seja, seriam posições short em opções, porém com risco limitado conforme ilustrado abaixo.

Bear call spread:

     • Perda máxima: diferença de preço entre os strikes – prêmio líquido recebido=(R$44–R$40)–R$1,50=R$2,50

     • Nível de Breakeven: valor strike inferior + prêmio líquido recebido = R$40 +R$1,50=R$41,50

     • Lucro máximo: prêmio líquido recebido = R$ 1,50

Bull put spread:

  • Perda máxima: diferença de preço entre os strikes – prêmio líquido recebido=(R$44–R$40)–R$1,50=R$2,50
  • Nível de Breakeven: valor strike superior - prêmio líquido pago = R$44 + R$ 1,50 = R$ 42,50
  • Lucro máximo: prêmio líquido recebido = R$ 1,50

E aí, já sabia como funcionavam as operações spread com opções? Quer saber mais sobre operações estruturadas ou demais temas sobre o mercado financeiro? Então fique ligado para o próximo Inter Dica!


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