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Análise | Concessão de Crédito | Março 24

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André Valério

Publicado 03/mai1 min de leitura

Mercado de crédito dá sinais mistos em março

Em março vemos uma dicotomia entre o crédito para pessoas jurídicas e físicas. O movimento de melhora generalizada entre janeiro e fevereiro perdeu força em março, com destaque para o crédito desacelerando para as famílias. No geral, vemos uma perda de fôlego na melhora do mercado de crédito, com a inadimplência ficando estacionada pelo 4o mês consecutivo e as taxas de juros aumentando na margem. A melhora mais ampla na concessão de crédito fica condicionada à continuidade do ciclo de cortes na política monetária, que por sua vez ficou mais incerta após o aumento da incerteza no cenário internacional.

O saldo de crédito ampliado ao setor não financeiro avançou 1,2% em março, frente a fevereiro, e 8,3% na comparação com março de 2023, com uma melhora no saldo PJ, mas mostrando uma desaceleração no saldo para PFs, de 10,5% em fevereiro para 10,1% em março.

Concessões de crédito somam R$568,9 bilhões em março, mantendo tendência de aceleração. No dado dessazonalizado, as concessões avançaram 1,3%, entretanto, liderado pelo maior volume de concessões de crédito direcionado. A tendência de aceleração continua entre as PJs, com crescimento que acelerou de 1,3% para 2,4% no acumulado de 12 meses, reforçando a melhora na atividade no trimestre, mas também com efeito base mais fraca. Em fevereiro de 2023, tivemos o episódio de crédito das Lojas Americanas que teve o efeito de restringir o crédito de maneira ampla entre as PJs nos meses subsequentes. Portanto, a base de comparação no acumulado em 12 meses é menor, o que favorece uma retomada para o crescimento das concessões para empresas. Ainda assim, no mês as concessões entre as PJs avançaram 1,9%, ajustado pela sazonalidade.

Concessão de crédito para PF teve queda de 0,3% em março com ajuste sazonal. O crédito livre para as famílias ficou estável no mês, confirmando a tendência de desaceleração apesar da redução nos juros e melhora no emprego e renda. Entre as linhas de crédito pessoal, a queda foi mais acentuada na modalidade consignado, indicando o cenário mais desafiador com a redução no teto das taxas de juros versos o aumento do custo de crédito devido à alta nas pré- fixadas de médio prazo.

Crédito direcionado desacelerou em março,

apesar do avanço de 2,1% no mês, com ajuste sazonal. Entre as PJs, o avanço foi de 4,8%, enquanto entre as PFs houve recuou de 3%. Com isso, no acumulado em 12 meses observamos desaceleração em todas as medidas, com a concessão total saindo de 8,4% em fevereiro para 6,8% em março. Entre as PFs destacamos o avanço de 12,8% nas concessões de crédito imobiliário, ainda assim, no acumulado em 12 meses observa- se desaceleração, saindo de 2,95% em fevereiro para 2,4% em março. Entre as PJs destacamos o forte aumento na concessão de crédito via BNDES, que avançou 130% no mês, apesar de no acumulado em 12 meses continuar a desacelerar, saindo de -2,2% em fevereiro para -3,9% em março.

Inadimplência fica estável novamente. É o quarto mês consecutivo de estabilidade, mantendo o nível de 3,2%. Observou-se uma variação apenas marginal na inadimplência no crédito livre, enquanto no crédito direcionado ficou estável. Entre as PFs e PJs o recuou também foi marginal, ambas recuando em 0,1 ponto percentual. Com isso, a inadimplência se encontra no mesmo nível de janeiro de 2023, mas ainda distante da média pré-pandemia, portanto, devemos observar uma nova rodada de melhora na inadimplência à medida que a política monetária se torne menos restritiva.

Taxas de juros aumentam em março. As taxas de juros médias aumentaram 0,3 p.p no mês, alcançando 28,2%. Entre as PFs o aumento foi de 0,6 p.p, enquanto ficou estável para as PJs. As taxas de juros no crédito livre aumentaram 0,2 p.p, enquanto no crédito direcionado o aumento foi de 0,5 p.p. A taxa de juros do crédito livre para as PFs aumentou 0,8 p.p, enquanto entre as PJs houve queda de 0,5 p.p.


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