PCAR3 - GPA
R$2,58
-2,27% Hoje
02 de dezembro, 00:00:49 UTC · BRL · BVMF
Recomendação
NeutraPreço atual
R$ 2,58Preço-alvo
R$ 20,00Upside
675,2%Informações
Último fechamento
R$ 0,00Variação do dia
R$ 2,58 - R$ 2,69Porcentagem de Lucro
4,09%O GPA possui um modelo de negócios multiformato e multicanal que conta com uma série de bandeiras que operam na venda de produtos alimentícios e não alimentícios no Brasil e América do Sul. No território brasileiro, as principais bandeiras são Pão de Açúcar, Mercado Extra, Compre Bem, etc. No conceito de proximidade, com mini stores dentro dos bairros as bandeiras centrais atendem por: Minuto/Adega Pão de Açúcar, Mini Extra etc. A operação também inclui receita com aluguel de áreas comerciais e vendas do e-commerce. Já no território Sul-Americano, representado pelo Grupo Éxito, o GPA tem operação com diversas bandeiras na Colômbia, Uruguai e Argentina. Por fim, a companhia tem 34,17% de participação em Cnova, empresa que opera no comércio eletrônico da França, buscando oferecer amplo sortimento de produtos aos clientes.
Os principais vetores de crescimento da companhia são: (i) a migração de grandes lojas para formatos menores, como lojas de bairro ou de proximidade; (ii) o investimento na reforma de lojas e qualidade geral dos ativos; (iii) a estratégia multicanal objetivando capilaridade; (iv) a inclusão de sortimento mais rentável e de fidelização e; (v) o destravamento de valor das ações através da segregação do Grupo Éxito e do desinvestimento em Cnova.
Os principais riscos para o GPA envolvem: (i) instabilidade econômica e social; (ii) aumento da taxa de desemprego; (iii) política monetária restritiva; (iv) aumento relevante da inflação, com falha no repasse da estrutura de custos e trade down; (iv) falha no processo de mapeamento das aberturas de lojas, possibilitando em canibalização do faturamento ou geografia inadequada.
Análise completa
A força do multiformato
Revisamos as nossas estimativas para Carrefour Brasil e atualizamos o nosso modelo de fluxo de caixa descontado, de forma a incorporar: (i) nossas premissas macroeconômicas atualizadas; (ii) uma revisão no crescimento orgânico e margens da companhia e; (iii) transferência do horizonte de investimento do final de 2022 para o final de 2023. Como consequência, alteramos o preço-alvo de R$23,00 YE22 para R$24,00 YE23 e reforçamos a recomendação de compra para as ações da companhia.
Utilizamos o modelo de fluxo de caixa descontado de 10 anos e WACC de 11,77%. O valor terminal foi constituído com crescimento de 5% na perpetuidade, com 2/3 de peso e pelo método do múltiplo de saída, com 1/3 de peso e EV/EBITDA = 5,4x no último ano da projeção.
Tese de Investimento
Com bandeiras reconhecidas e lojas por todo o território nacional, o Grupo Carrefour Brasil apresenta oportunidades regionais e muitas vezes com melhores condições de compras e sinergias do que outros players. A sólida presença nacional e a acelerada expansão do Grupo traz um consistente crescimento de market share em determinados estados, principalmente por seu histórico operacional e financeiro nos últimos anos. O Grupo Carrefour Brasil tem relações sólidas com seus fornecedores, assim entregam aos consumidores uma oferta diferenciada de produtos junto com preços competitivos. Como líder do mercado de varejo alimentar no Brasil, o Grupo conecta diferentes clientes por meio de seu ecossistema multiformato. A operação hoje roda com bandeiras de super/hipermercados, atacarejo e o Banco Carrefour.
As principais alavancas de crescimento do Grupo Carrefour Brasil são: (i) a expansão do parque de lojas; (ii) a fidelização do consumidor através de sua experiência dentro do ecossistema e; (iii) o desenvolvimento do ecommerce alimentar.
Riscos
Os principais riscos para o Carrefour Brasil envolvem: (i) falha na adaptação do sortimento de acordo com o público-alvo; (ii) falha na avaliação da abertura de novas lojas, provocando sobreposição e, portanto, canibalização do faturamento e; (iii) deterioração do cenário macroeconômico.
A força do multiformato
Acreditamos que o principal componente a ser acompanhado nas empresas desse segmento é a inflação alimentar. Em níveis elevados desde a eclosão da pandemia e agravada pelos conflitos geopolíticos, a escalada de preços dos alimentos vem sendo sentida no bolso dos consumidores.
Embora de característica mais defensiva (resiliente), dado que alimentação é essencial a qualquer pessoa, os itens não são considerados inelásticos. Simplificando: um aumento de preços reduz em algum grau a quantidade adquirida.
Com isso, após sucessivos meses de inflação generalizada na economia brasileira, o consumidor precisa pensar bem onde gastar sua renda disponível. Em 2021, oito a cada dez brasileiros precisaram cortar gastos, segundo a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). Entre os que realizaram cortes no orçamento familiar, 48% apontaram a diminuição do consumo de itens supérfluos de supermercado.
Além disso, outro efeito importante do aumento de preços é o chamado trade down, fenômeno que é caracterizado pela troca de marcas premium por marcas mais baratas. Nesse sentido, precisamos identificar o posicionamento das varejistas alimentares capazes de atender esse público.
O que temos observado é um aumento no fluxo de consumidores em busca do formato de atacarejo. O conceito vem caindo no gosto do brasileiro, que através do autosserviço compra em maior quantidade pagando um menor preço.
Além disso, o formato de atacarejo é o mais utilizado para o abastecimento B2B e de transformadores (lanchonetes, restaurantes, mercearias, hotéis, igrejas etc).
O Grupo Carrefour é, de longe, o maior player multiformato do mercado brasileiro. Sua ampla presença nacional, com 779 lojas em diversos formatos garante liderança no faturamento em diversas regiões.
No varejo alimentar, possuir escala e reconhecimento de marca confere benefícios como poder de barganha, redução de custos e capilaridade de fornecedores. Ademais, o fato de ser uma companhia listada também permite o acesso a fontes de financiamento mais baratas em relação aos concorrentes menores.
Levando-se em conta que o segmento ainda é fragmentado, existe baixa penetração de varejistas de alimentos por habitante e grande oportunidade de expansão, sobretudo nas cidades do interior. Acreditamos que o Carrefour pode utilizar de sua forte estrutura financeira para expansão, adquirindo players (ou até mesmo de forma orgânica) em cidades menores, sobretudo as com bom índice de PIB per capita.
Pelo lado do varejo, destacamos que o fechamento da bandeira concorrente Extra se torna um componente interessante para o Carrefour. Desde então, o Grupo conta com a maior estrutura de hipermercados no Brasil. Esse fato deve ser levado em conta, já que o formato de hiper é considerado o melhor para lançamento de novos produtos. Por estar “no meio do caminho” entre ser um supermercado e um atacarejo, a área de vendas e público consumidor é mais aderente a novas campanhas.
No que tange o atacarejo, segmento mais valorizado atualmente, o Carrefour também tem uma representação gigante. Através do Atacadão e das aquisições do Makro e Grupo BIG, a companhia espera alavancar sinergias operacionais e atrair um fluxo maior de clientes para o Banco Carrefour.
Em nossa tese de investimentos avaliamos que o Grupo Carrefour tem importantes avenidas de receita para explorar. Desde o digital ao físico, passando pelos formatos de super, hiper e atacarejo. Sua escala é consideravelmente maior que os concorrentes, o que lhe confere uma força significativa.
Prévia do 3T22
Esperamos uma performance positiva em vendas, com margens estáveis, lucro líquido e forte geração de caixa operacional. O resultado do Carrefour será divulgado amanhã (09/11), após o pregão.
Projetamos receita líquida de R$ 25.713 mm (+29,5% a/a), impulsionada pela expansão de lojas nos últimos doze meses e pelo patamar ainda elevado da inflação alimentar, mesmo após a deflação observada a partir de agosto. O cronograma de expansão deve apresentar 20 lojas de Maxxi e 13 de BIG para Atacadão.
Nossa projeção de margem bruta é de 19,5% (+0,5 p.p. a/a) refletindo a capacidade de repasse e em linha com o 2T22 (+0,1 p.p t/t). O EBITDA deve totalizar R$ 1.961 mm (+32,2% a/a) já capturando alguma sinergia das conversões.
O resultado financeiro deve ser negativo em R$ 382 mm (vs R$ -213 mm a/a), explicado pela Selic mais alta. Por fim, o lucro líquido projetado é de R$ 844 mm (+24,1% a/a).
Tags
Breno de Paula
CNPI-P, CGA, Coordenador de Equity Research